sábado, 5 de abril de 2008

Perdido



Olhava à volta e nada via.
Sentia-me escuro, negro...Pensamento de Carvão.
Só se pressentia a penumbra das almas e a putrefacção das árvores...
Ali tudo era cinzento, memória dos tempos prósperos.
Ouvia-se somente a música do silêncio.
Ela entoava, preenchia-nos e aí a mente, apaixonada, deixava-se levar...
O rio que outrora corria cheio de vitalidade sentia agora os amargos traços da velhice e aquelas correntes fortes e de uma rude gentileza que guiaram os heróis por tempos intermináveis estavam agora estagnadas. Eram só uma ligeira lembrança dos tempos áureos.
Tal como eu...
O sol não brilhava, a brisa não soprava... Desde há muito tempo.
As árvores murmuravam. Aquela voz enrugada pelas Primaveras entristecia com o passar dos tão curtos dias... Os seus rebentos estavam secos e a sua vida sem sentido. Como elas precisavam de um pastor.
O tempo, teimoso vizinho, insistia em passar e o presente deu lugar ao passado inatingível...
Mas, num dia a todos tão igual surgiu a luz no Oeste... Ela ofuscava, brilhava, queimava, era radiosa como a manhã, bela e perigosa como o Oceano... Ondulava até onde a mente permitia. E mais longe não ia!
Então no meio de todo o cinza e desespero nasceu algo belo, irreverente e ainda franzino. Um prelúdio de um futuro diferente.
A água voltou a correr e eu também!

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