segunda-feira, 14 de abril de 2008
Vida...
Vazio... Inexistência...
Numa explosão de luz, numa melodia de pensamento algo foi criado.
Era ínfimo mas vivia.
A sapiência daquele que viu o Vazio, que o acompanhou, era infinita.
O Tempo tudo via e recordava para quando o Vazio voltasse.
Aí falarão eternamente numa conversa melodiosa, a mais bela de todas.
Jamais alguém a ouvirá.
O seu eco prolongar-se-á até sucumbirem o Vazio e o Tempo...
Porém quando tudo era ainda uma manhã, uma flor ténue, verde e franzina nasceu a vida.
A Vida, ao contrário de tudo o resto, desabrochava rapidamente.
O Tempo, avô, olhava-a calmamente e sorria terno e acolhedor.
O brilho nos seus olhos cinzentos tudo encandeava e a Vida passava eras a olhá-los pois revia-se neles.
E viu-nos.
Éramos ainda réstia de pensamento.
Algo estranho, capaz de amar, pensar. Algo diferente...
Nascemos...
Fomos os primeiros que não foram alvo de extensa premeditação, assim estava traçado o nosso destino.
A Vida foi o nosso berço mas por pouco tempo.
Ansiávamos liberdade, correr pelas planícies verdejantes e calcar as folhas outonais caídas no chão, apenas uma lembrança da vitalidade de outrora.
Tornamo-nos justos, rectos e belos.
Porque efusivos nunca compreendemos a dádiva da morte.
Dela queríamos fugir, da presciência que se adquire às suas portas.
Talvez porque éramos demasiado velozes para sermos preenchidos pela sabedoria.
Os Reis sucediam-se até o sangue dos primogénitos estar diluído pelo tempo e pelos traidores.
Quando tudo estava disperso e sem sentido a vida acabou.
A derradeira morte tinha acontecido.
O Vazio regressou e as palavras começaram a correr para nunca mais parar...
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9 comentários:
Maracujazinho, revê o teu texto, please.
Bjs
Sucumbirem, maracujá, sucumbirem.
Que stressado... bolas, ainda não estava pronto!!!!!
Eu ia lá cometer uma indelicadeza dessas????!!!!!
Bom texto, Maracujá!
Já cá vim de manhã mas não me atrevi a comentar. E não o farei ainda. Apenas te quero dizer que gostei. Muito filosófico... a vida (berço) e a morte; se o nascer não é nossa responsabilidade o mesmo não podemos dizer da morte. O tempo e o vazio; a sabedoria e a beleza... Muita coisa num texto breve. Voltarei. Ou talvez não. Talvez apenas para entranhá-lo e não comentá-lo.
Continua o teu caminho.
Esqueci-me já te linkei.
Um abraço
Devemos alegrar-nos quando um jovem de 14 anos escreve tão bem.
Quando escreve com esta qualidade e maturidade, devemos rejubilar.
Enches-me de orgulho, Maracujá.
linda a fotografia.
Maracujá estamos sedentos de mais leituras. Queremos ler o que estás a parir nesse teu encontro a sós com as palavras.
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