sábado, 22 de março de 2008

Arrebatado



O dia aproximava-se...
E ali estava eu com ela. Envolvido pelo verde dos seus olhos, preso no loiro do seu cabelo, dependente do seu discurso, preso no tempo.
Era um prisioneiro conformado.
A imensidão do universo rodopiava à minha volta. Estavamos num mundo à parte...O tempo que estivemos juntos não pode ser contado... Apenas recordado.
Os tempos imemoriais estavam perto e a alegria rondava-nos.
A conversa estava viva e era nossa. De mais ninguém.
Tudo estava bem.
O fogo da vida estava vivo, aceso como nunca, de um laranja forte e pragmático...
A noite era nossa.
Conheci a sua alma e pensamento e eram os meus.
Tocávamos na mesma tonalidade e a dança que daí advinha era bela, arrojada e divertida, uma dança de Primavera em que a fogueira era rainha e todos os outros apenas os seus súbditos.
Eu estava feliz...

Para a AA ou Tweety

quinta-feira, 13 de março de 2008

Afinando


Na vibração da alma, no som do espírito, na suavidade do coração...
O pensamento a todos une e separa. E o tempo todos controla.
Os dedos deslizam e a vida abranda, tudo começa a fazer sentido.
A suave canção entra-nos no espírito e aquece-nos.
Os acordes de alegria dão lugar aos de tristeza como numa reviravolta de emoções.
Apenas mais uma.
Mas... nem tudo está certo...
A vida entristece e passa e a radiosa juventude dá lugar à melancólica e sábia velhice.
O preto de força e o dourado de luz, luz e brilho dão lugar à melodia do branco.
Então, aquando do sono no tempo, da passagem da harmonia da vida para o silêncio da morte nasce a derradeira presciência.
Está então tudo afinado...
Faça-se música...